O jardim, lagartas,,,, e a borboleta.



Me perguntaram:
- Que culpa tu tem de ser mal-amada, de só receber migalha?
Conversei um bocado, culpas em mim nao existem.. Tive e fiz o que queria, sem vergonhas de aproveitar as migalhas pra fazer meu bolo, com toda consciência de cada momentinho...
A real questão seria:
- E que culpa eu tenho de ele não enchergar meu jardim?
Não dá pra atrair borboleta cega, borboleta sem olfato, sem tato, sem inuição, sem os próprios sentidos em sintonia...que tava se sentindo obrigada a visitar minhas flores.
Era uma borboleta de controle-remoto?
Meu jardim tava atraindo uma Borboletona vagante nas linhas telefonicas, que só escutava o som esquizito das outras lagartas presentes no meu jardim, do outro lado da linha;

Sim, Sim, meu jardim tem de tudo!
Tanto flores coloridinhas, *tulipas azuis*, quanto outras menos comuns;
Tanto bichinhos doces quando outros desprezíveis, de dar vergonha ate pra dona...
E como ela não tava numa boa 'vibe', ela julgou estar pizando num 'terreriro de macumba' de lagartas abusivas e sangue-sugas... sentindo por dentro o que sua imaginação criou a partir de feelings de fora do meu jardim.
Pena que essa borboletona só descubriu muuuuuito tarde que ela mesma não tinha um botão pra ir e vir.

E até hoje, está pra sacar que não existe o conceito de cobranças quando sente-se atraída pela energia do jardim presencialmente... Quando ela passar pelo portão,
- Vai sentir pelo tato o acolhimento, o carinho, a ironia, a suavidade, e não a cobrança do 'Toque aqui!Agora!Voce precisa!';
- Vai cheira o perfume que deseja e cederá ao seu olfato, espotaneamente, seguindo, embreagando-se, até mesmo se passar 2 dias sem banho;
- Vai colorir a visão e se deslumbrar com as cenas ao vivo, sem ser forçado a clicar em link algum para conferir fotos e textos velhos que perderam o sentido;
- Vai adocicar o paladar com néctar de tulipas azuis exóticas nos momentos mais inoportunos e perfeitos, inesperados (Háaa tem muita flor pra todo lado!), sem se preocupar de ter que tomar aquele copão de vitamina-fortificante diário-e-necessário para a sustentar durante sua ávida jornada de vagante.

E quando ela vai descobrir tudo isso?
Sei lá, não é da conta do jardim.

Quando alguém tá por perto por querer, por vontade boba e até mesmo casual, NÃO HÀ nem sombra de sentimento de cobrança...
Depende do que se quer ver, sentir, cheirar, DE PERTO, claro.
O bichinho vai sentir que o jardim o faz bem, e seeeeeeeempre volta. Ou não. Quem sabe? Viva a democracia e a liberdade de ação.