mim laconica, tu prolixo.


Poderia perfeitamente usar as expressões “fala demais” ou “fala de menos”, ao invés de prolixo ou lacónico. Mas quis usar palavras menos corriqueiras para instigá-lo a prestar mais atenção nestas possibilidades,auto-análise. Desenvolver melhor com intenção de fazer que você se questione sobre como tem sido a sua comunicação, principalmente no relacionamento, seja la qual for(friendos,family,hearts).

A questão é: O que é melhor? Ou melhor, tem "melhor"?? Qual o ponto de equilíbrio?

Quem não fala, não ocupa seu lugar na relação e não dá ao outro a chance de conhecê-lo. É como "fechar o livro". E quem fala demais, corre o risco de ser chato e cansativo,redundante, dar "voltas". De uma forma ou de outra, o que acontece, na maioria das vezes, é que o parceiro perde o interesse em estabelecer o diálogo, porque sabe que ou o outro não vai se expor, não vai falar o que pensa e quer ou vai falar demais, ser repetitivo, detalhista, redundante e confuso... Um perde interesse na comunicação com o outro. Cada um na sua forma.

E você poderia pensar: "mas o outro deveria gostar de mim do jeito que eu sou". É verdade, tem toda razão. Entretanto, se o intuito é evoluir, facilitar o exercício, aprender, melhorar os defeitos e aflorar as qualidades, por que não nos esforçarmos para melhorar e tornar mais interessante a nossa relação? Temos amor de sobra como 'base', exercitar a favor dele será de certo um bom exercício.
Venho notado que as relações mais duradouras, que já ultrapassaram a fase da paixão, da idealização do 'principe', e ganharam em responsabilidades, rotina e compromissos familiares, perdem facilmente a capacidade de entendimento por causa da fragilidade do diálogo; firmam tudo,evoluem tempo e responsabilidades mas esquecem aos poucos importância da fluidez da comunicação. Se fecham,cada um em si.
O casal reclama um do outro, alegando falta de compreensão, decepção em relação às atitudes dele, enfim, comportamentos que mais revelam uma completa falta de verbalização adequada do que um problema realmente sério e difícil de ser solucionado. Tempestades por nada, que não refletem o que sentem,e sim idéias mal contadas e mal expressadas.
Mas a solução não é só engolir as palavras do prolixo, aguentar as flechas, ou abrir a boca e disparar acusações indiscriminadamente enquanto lacônico.
Estou me referindo ao desejo de entender o outro, a intenção comprometida e respeitosa de ouvir, de tentar absorver os *sentimentos* impressos nas palavras do outro, com pureza, sem criticidade; refiro-me na compaixão de conseguir se colocar no lugar do outro e interpretar carinhosamente (ou ao menos amigavelmente) o que ele está dizendo. Ler o livro com atenção, e mirando as entrelinhas, com bons olhos.

Por outro lado, também é bom sempre ter em mente de falar considerando o outro de forma madura e pacífica. Porque o que vejo são casais carregando suas frases de críticas, acusações, defesas e justificativas totalmente *contaminadas* (sim, cê sabe o que é algo contaminado? Da noite passada? Da festa mimimi? Da bebia? Do dia workaholic? Contaminação! experimenta,é terrível.) Enfim, uma comunicação completamente distorcida e pesada, que agride até quem está de fora, ouvindo por acaso, sem fazer parte da situação. Fica ridículo.

Claro que os dois sempre acreditam que têm razão, que são os incompreendidos. Só que um acusa, outro abafa,e vice versa,e a coisa não se alinha daí pra frente. No entanto, alguém tem que parar esta roda envenenada e destruidora de amores para reverter a situação e estabelecer uma nova dinâmica, um novo jeito de dialogar adequadamente. Mas quem? Como? INxi....:s

Quem disse que seria fácil? Claro que não é, ainda mais quando os dois já estão cansados do "fala demais" ou de menos" de cada um... O que fala demais tem a constante sensação de não estar sendo ouvido,o que traz insegurança nítida; e o que fala de menos tem a constante impressão de não agüentar mais ouvir tanta xurumela,tanta infantilidade blablablistica, e sente-se cada vez menos motivado a falar por não encontrar espaço,meios adequados, ou principalmente por não acreditar na possibilidade de obter RESULTADOS através das intermináveis e cansativas trocas de conversas.

Sabe algo simples de se notar, pra sacar se as coisas dão indo bem ou mal? Observe se a palavra ou julgamento das idéias mais aplicadas nos momentos de comunicação com o parceiro é o "não", a negação, o negativo, o "ai que SIM:} ih,axo que NÂO:P". Tem casais que nem escutam o que o outro quer dizer, a opinião ou explicação de algo. Nem lêem, pulam, mudam proutro assunto mais 'divertido' pra evitar dizer NÂO, ou até SIM, ou o que seja. Cai no básico "nem comento, prefiro matar o assunto,pra poupar intriga boba"; Ou no pior, simplesmente iniciam suas réplicas(ou pensam pra si) com um imperativo "não", invalidando qualquer tentativa do outro de se justificar ou se colocar na situação,se expressarem em algo, que eles nem ao menos conhecem.

È complicado. Dizem que devemos casar com quem temos prazer de conversar. A coisa mais 'padrão' que pode-se ter sobre relações, é que a vontade do rebate-de-ideias é o que maaaaiis demonstra o interesse de um pelo outro. Sem a vontade,o interesse pelas ideias do outro, é o mesmo que declarar a espera da morte do 1+1=2.

Nessas situações, sugiro que você comece, que você dê o primeiro passo neste novo jeito de funcionar. É apenas uma mudança de paradigma. Tipo, antes de qualquer coisa, reconheça-se: você é prolixo (fala demais) ou lacônico (fala de menos)? A partir de então, perdoe o outro por ser "isso" ou "aquilo". Perdoe, inclusive, a si mesmo e seja humilde a ponto de se colocar no lugar de aprendiz. Coloque-se em todos os lugares, principalmente no lugar do OUTRO, nunca no seu. Com os 2 lados fazendo isso simultaneamente, a coisa roda instantaneamente.

Instantâneo, mas também sem radicalismo, sem exageros. O ideal é que haja equilíbrio. Não é porque você descobriu que falava demais que vai agora parar de falar. Ou então, não é porque falava de menos que vai desembestar a falar sem parar,soltar tudo que tava guardado 3 meses da forma mais 'quero nem saber, pediu?Entao toma!". O ritmo
mais adequado é aquele em que os dois conseguem falar, olhando um pro outro, um de cada vez, analisando as expressões, e, principalmente, escutando com INteresse em compreender o outro lado, respeitando e considerando a verdade e o sentimento confidenciados em cada palavra e olhar.

Daí, disso, é comprometerem-se abertamente com a mudança, com o desejo de conquistarem-se e mostrarem que são capazes, reconhecendo que NUNCA é apenas UM que está errado, e sim OS DOIS. Sempre. Conflito só surge quando OS DOIS falham de alguma forma.
O mais legal é quando ocorre aquela chuva de Desculpas pro lado e pro outro. É a forma mais simples de agradar um ao outro, de comprometer-se, de mostrar que um se importa com a 'cara-feia' que o outro fez,com o choro, com o mal momento que o ouro passou, e vice-versa. Não custa nada ser humilde. As básicas e bobas desculpas trocadas mostram que um se importa com a felicidade do outro. É respeitar o sentimento do outro da forma mais simples.

Ah, queria ser consultora em comportamento humano:( Mas antes, acho que preciso mostrar pra mim mesma que na casa do ferreiro o espeto não é de pau.

Vim daqui.